sexta-feira, 27 de abril de 2012

Que não exista pecado na linha do Equador


Ainda ressentido pelo resultado do último jogo, afinal pra mim toda competição é importante e o paulista nem se fala. Embora nenhum clube esteja perto do número de conquistas que temos dessa competição, a 27ª da nossa história, incluindo três tricampeonatos, seria motivo de muita comemoração.



Poderíamos até ter saído de outra forma, um gol duvidoso, um pênalti no final do jogo, de um jeito que não nos restassem dúvidas sobre o potencial do time, e principalmente do elenco. Mas não foi dessa forma. Quis o destino que alguns se sobressaíssem pelo lado negativo. E agora, da maneira mais fácil, como um carrasco, que mata cumprindo o dever, o ponderado e tranquilo Tite solta a guilhotina degolando Júlio Cesar e Liedson.



Acabo de ver numa postagem no Facebook as escalações utilizadas no treino, separados em reservas e titulares.



TITULARES: Cassio; Edenílson, Chicão, Leandro Castán e Fabio Santos; Ralf e Paulinho; Jorge Henrique, Danilo e Willian; Skeik



RESERVAS: Julio Cesar; Welder, Antonio Carlos, Marquinhos e Denner; Alessandro, Ramirez, Alex e Douglas; Elton e Liedson



Vejamos: um paulista que parecia fácil, uma Ponte que já havíamos vencido uma semana antes e agora um EMELEC, numa Libertadores que a cada ano parece mais próximo, até pelo nível técnico da maioria das equipes. Aliás, nível técnico que sempre foi baixo, mas outrora o bicho pegava muito mais que hoje nos jogos realizados fora do Brasil.



Acredito na conquista, mas quem vai ter que jogar mesmo é a FIEL. O elenco que até outro dia estava “fechado psicologicamente” e nada parecia abatê-lo, mantinha uma disciplina tática digna de atletas de países comunistas no tempo da guerra fria, agora já não inspira tanta segurança. A realidade da capacidade técnica de vários jogadores pode vir a tona e isso será um desastre para nós.



Não vou aqui, nesse momento, entrar em detalhes de nomes, de contratações que atendem a interesses de A ou B, porque, como CORINTHIANO, prefiro mostrar o caminho da vitória, que está em diversas declarações de ex-jogadores, principalmente os da década de 70, que participaram da maior conquista de todos os tempos: o paulista de 1977. Muitos deles costumam dizer que com uma torcida como a do Corinthians até quem não sabe, voa!



Então que no próximo dia 02, no Equador, que seja nos GRITOS, NAS PALMAS E NA ALMA! VAI CORINTHIANS!



Ernesto Teixeira – A voz da Fiel

Torcedor corinthiano; sócio, intérprete e compositor da Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216); idealizador do Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC); colaborador da Rádio Coringão.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

1ª Missa, engraxate e goleiros!



Hoje 26 de abril de 2012 algumas datas são comemoradas. Nas redes sociais e nos programas esportivos da televisão muito ouvi falar do dia do goleiro. Mas hoje também comemoramos a primeira missa rezada em solo brasileiro feita pelo frade Henrique de Coimbra em 1500, um domingo, e descrita por Pero Vaz de Caminha em carta ao rei de Portugal Dom Manuel, dando conta da chegada ao Brasil, então terra de Vera Cruz. A cena se transformou numa das principais obras do pintor Victor Meirelles, em 1860.



Mas me chamou a atenção mesmo nesta data para a comemoração do dia do engraxate. Profissão valorizada e muito mais rentável antes do surgimento dos tênis. Mas que ainda hoje existe e resiste, estando diretamente ligada à vida dos craques do futebol mundial. Afinal na rouparia, onde ficam as chuteiras e os uniformes dos clubes é que encontramos os mordomos que ainda hoje atuam como engraxates cuidando dos calçados daqueles que vão nos dar alegrias nos campos de futebol.



Entre a religião, a profissão e o esporte, a missa, o engraxate e o goleiro, que no início do futebol como todas as outras posições também não era remunerado, por isso a utilização do termo esporte na trilogia das datas comemoradas nesse 26 de abril.



No campo das curiosidades ilustrando o dia festivo convoco um dos fundadores do Corinthians, Rafael Perrone, que não era exatamente engraxate, mas sapateiro e então com certeza também entre suas atribuições havia a de polir e lustrar os calçados dos frequentadores do Bom Retiro nos idos de 1900.



Numa rápida navegada pela internet confesso que não encontrei entre as centenas de jogadores que já vestiram a camisa alvinegra algum outro que tenha exercido tal profissão; mas digo que encontrei a história do Pelé, que teve a arte de passar graxa, como seu primeiro emprego --- logo ele, que dentro do futebol, só foi superado pela grandeza da torcida do Corinthians.



Outro que revi e agora uma curiosidade ainda maior, pois além de engraxate, também foi goleiro, e dos bons, que teve sua estreia em 05 de maio de 1976, no Mineirão, contra o Corinthians, foi o argentino Ortiz, que nasceu em Santa Fé, cidade onde o Corinthians firmou uma parceria recentemente para a revelação de novos Teves, Messis ou Maradonas!



Também foi engraxate o excelente ponta direita dos anos 60 e 70, de ingrata lembrança para nós Corinthianos, por conta da decisão do brasileirão de 76, no Beira Rio, Waldomiro Franco, do Internacional de Porto Alegre e da Seleção Brasileira. Ele também foi engraxate!



Mais um que descobri que foi engraxate e grande goleiro foi o Aílton Correa Arruda, o Manga, nascido em 26 de abril de 1937, justificando assim a escolha desse dia para homenagear todos os que abraçaram essa árdua profissão de pegador de bolas. Manga jogou até os 40 e tralalá. Era bom mesmo, eu vi!



Mas para finalizar o texto e para homenagear os meus goleiros, aqueles que defenderam o meu amado Corinthians aí vai, aqueles que me vierem na memória apenas, sem pesquisa alguma: Cabeção, Gilmar, Ado, Tobias, Jairo, Carlos, Solito, Solitinho, Cesar, Nei, Waldir Peres, Dagoberto, Yamada, Tiago, Danilo Fernandes, Renan, Julio Cesar, Cassio, Rafael Cammarota, Rafael Barreto...



RONALDO GIOVANELI


601 JOGOS




Ernesto Teixeira – A voz da Fiel

Torcedor corinthiano; sócio, intérprete e compositor da Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216); idealizador do Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC); colaborador da Rádio Coringão.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Sim, Força Julio; ou, não Fora Júlio; eis a questão...




O assunto que ainda domina o noticiário esportivo, mesmo após a eliminação do Barcelona da Liga dos Campeões, é a atuação do goleiro corinthiano Julio Cesar, na partida das quarta de final do campeonato paulista, contra a Ponte Preta, onde falhou em dois dos três gols sofridos pela equipe.



É interessante ver o passionalismo e ao mesmo tempo a sabedoria com que o torcedor trata o assunto, criticando veementemente, ironizando e simultaneamente reconhecendo as qualidades do goleiro originário do lendário Terrão, que por anos aguardou uma chance no bando de reservas.



As colocações dos torcedores vão das defesas salvadoras de Julio nos jogos do brasileiro do ano passado, como por exemplo, na vitória por um a zero contra o Ceará, em Fortaleza; passam pela atitude de raça do goleiro ao atuar com um dedo lesionado, após o time ter feito todas as substituições, contra o Botafogo no Rio de Janeiro, onde vencemos por 2 a 0; mas também ressaltam as falhas, como a da final do Paulista em 2010, num chute defensável de Neymar, na decisão contra o Santos, na Vila Belmiro, e na saída de jogo errada contra o Goiás, também em 2010, que culminou em gol do time tirando o Corinthians da fase de grupo da Libertadores e colocando-o na pré-libertadores.



Nesse esporte milenar que movimenta a paixão de milhões de torcedores, onde em fração de segundos deixasse o céu para se conhecer o inferno e vice-versa, a verdade é que a falta de critérios exatos faz as discussões tornarem-se intermináveis e via de regra, terminam sem donos da verdade. Pelo menos para as decisões que serão tomadas antes dos fatos, porque depois deles consumados, aí fica fácil tecer opinião.



Então eis o dilema, três dias após a prematura saída do Corinthians do Paulista de 2012: manter ou não Júlio Cesar como titular para o confronto contra o EMELEC pela Libertadores no próximo dia 02 de maio, em partida no Equador, onde a pressão do adversário será total, na necessidade da vitória em casa?



À diretoria, à comissão técnica que cabem assinar a escolha, certamente outros fatores poderão ser analisado, como o dia a dia do Julio, seu verdadeiro estado psicológico, seu comportamento dentro do grupo e obvio a questão técnica.



Pelo psicológico já faço aqui minha observação na hora do primeiro gol sofrido contra a Ponte. Além de não ter orientado a formação de barreira, ou pelo menos um posicionamento melhor dos jogadores evitando a jogada ensaiada do adversário que culminou com um chute rasteiro no canto direito, onde o Júlio parece ter tentado defender de cabeça a bola e não com as mãos como deve ser a atitude de um goleiro. Logo após confirmar o gol o goleiro alvinegro foi para a entrada da grande área de cabeça baixa, mostrando ter sentido bastante o lance, reconhecendo com o gesto que realmente falhou.



Na verdade, pelos anos de arquibancada que possuo, digo que ali faltou uma orientação prévia do preparador de goleiro, o Mauri: falhar todos podem, todos vão. Mas é preciso mostrar personalidade, e ao invés de baixar a cabeça ali o Julio deveria, por exemplo, ter levantado o braço – reconhecendo o erro e em seguida nas palmas chamar o grupo para ir pra cima do adversário que ele estaria mais atento ainda nos próximos lances. Não foi o que vi e nos lances seguintes até o terceiro gol ficou claro que a insegurança tomou conta das ações do nosso camisa 1.



Talvez o Júlio precise conversar mais com aquele que atuou na posição em 601 jogos pelo Timão: Ronaldo Giovaneli! Humildade Júlio! Liga pro Ronaldo! Conselho é de graça! E ele é daqueles de bom caráter, que só vai te orientar para o melhor, ao contrário de alguns que estão por aí e que outrora tentaram emplacar no teu lugar o inexperiente Renan.



Eu não vou ficar em cima do muro. Seja qual for o resultado final da Libertadores, que espero seja o título para o Corinthians, mas principalmente por acreditar no trabalho, na capacidade e no corinthianismo de um guerreiro, que tem sim seus defeitos, mas também tem qualidades, digo que o Julio Cesar deve permanecer no gol na próxima partida!



Mas ele, com todas as prerrogativas que a própria torcida reconhece deve ter sua decisão e aí também pedimos que aja como guerreiro e corinthiano e que se em algum momento sentir insegurança: peça para sair que a fiel também o reconhecerá por isso! Pois cada um de nós, no fundo, é que sabe o seu limite, sua capacidade e o peso do fardo ou da farda que pode carregar!



Obs.: Mas que a criatividade da torcida corinthiana é algo de se tirar o chapéu, ah isso é!!! Quantas ironias pelas brechas e depois quantas formas de reconhecer a dedicação!



Saudações Corinthianas!



Ernesto Teixeira – A voz da Fiel

Torcedor corinthiano; sócio, intérprete e compositor da Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216); idealizador do Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC); colaborador da Rádio Coringão.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Corinthians e Barcelona e a dor da derrota!



Nesta segunda-feira, 23 de abril, dia do Torcedor Corinthiano, dia de São Jorge, após a eliminação do Corinthians do campeonato paulista, pela incrédula Ponte Preta, me pus a imaginar qual o tamanho da dor desse revés para nós em comparação com, a também praticamente eliminação do Barcelona do campeonato espanhol, após derrota para o Real, no sábado.



Para tanto me apego na maneira como os clubes são vistos e analisados pelos críticos, com base em seus modelos administrativos e até mesmo os seus elencos. O Corinthians, considerado hoje um dos melhores elencos do futebol brasileiro, com um sistema de jogo onde os atletas seguem à risca a filosofia de seu treinador; o Barcelona tido como melhor do mundo, onde também os atletas seguem um padrão tático digno de comando militar, apesar de quase todos os ali terem capacidade para realizar uma jogada individual que mude um jogo de uma hora para outra.



Não vou me arriscar a entrar numa análise entre os times da Ponte e também do Real, pois a diferença é infinita, apenas os propósitos de cada um se assemelharam neste final de semana.



Enquanto o Barcelona tem um modelo administrativo já institucionalizado, servindo, inclusive, de inspiração para algumas ações do Corinthians, em forma de “troca de experiências”, ou se preferirem “benchmarketing”, uma vez que o diretor financeiro Raul Correa esteve na Espanha e até trouxe executivos do time catalão para falar aos corinthianos no Parque São Jorge. Já o Corinthians vive a transição da era medieval, passando do coronelismo e clientelismo para um modelo que busca a democracia e assim, por mais que em alguns aspectos possamos comemorar uma evolução em outros ainda lamentamos teremos que esperar um pouco mais.



Com essa comparação chegamos à maneira como os times são formados. Enquanto no Barcelona as contratações não deixam dúvidas, no Corinthians boa parte dos jogadores são recebidos como incógnitas, graças ao tal modelo de negociações e negociatas que ainda envolve o futebol tupiniquim. E aqui vai um tempero com base na entrevista dada pelo Vampeta no programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, ontem à noite. Segundo o velho Vamp, grande figura que demonstra sinceridade em seus comentários, ele se surpreendeu quando numa concentração do Corinthians, no mesmo quarto que o jogador Clodoaldo, o mesmo não parava de rir. Sorria insistentemente, até que o Vamp o questionou:

- Por que você ri tanto?

E ele então respondeu:

- Pô cara, eu to aqui do seu lado e de tantos outros que só via pela televisão. Há três meses era zagueiro, agora fui contratado pelo Corinthians como centroavante, um contrato de cinco anos, R$80 mil por mês. Até comprei um apartamento no mesmo lugar que você tem um.

E perguntamos: onde está Clodoaldo hoje? O Corinthians ainda paga seus salários? Observem que o cara era zagueiro e foi contrato por esse período todo, com um alto salário para resolver o problema do ataque de um time com a grandeza do Corinthians.



Mas isso como disse é apenas um tempero nesse texto, que visa fazer uma analogia das derrotas do Barcelona e do Corinthians no final de semana.



Bem, tentemos chegar a uma conclusão: o Barcelona com tudo organizado, com o melhor time do mundo, jogadores de nível técnico e histórico comprovados, perdeu. Aliás a segunda derrota consecutiva. No meio de semana pela “Libertadores da Europa” levaram um a zero do Chelsea. Com certeza por lá e em boa parte do mundo muita gente esteja tentando encontrar a resposta para os dois revezes do Barça; mas também no intimo sabem que os confrontos foram com times de tradição e mais que isso, que nos últimos anos, ao lado do próprio esquadrão catalão dominam a cena do futebol mundial. Então imaginam que contra o Chelsea o resultado pode ser revertido na partida de volta, em casa. Já a derrota pro Real, praticamente alijou o time do título espanhol, com os sete pontos de vantagem a favor dos madrilenos restando quatro rodadas para o fim da competição.



E o Corinthians? Bem o Corinthians, com tudo que dissemos, melhor elenco do futebol brasileiro, melhor técnico, líder da primeira fase do paulista, tendo vencido a mesma Ponte no jogo de encerramento do turno, em Campinas, por 2 a 1, com a derrota por 3 a 2, jogando em casa, no Pacaembu, foi eliminado da competição onde possui o maior número de títulos: 26.



Veja que mesmo com um modelo considerado “eticamente correto” a derrota pode vir; como acontece numa versão administrativa sujeita a dúvidas sobre a eficiência de boa parte dos jogadores.



Então nos resta dizer que uma conclusão é obvia: a derrota do Corinthians dói muito mais, pois deixa muito mais pessoas tristes, 30 milhões; já a derrota do Barcelona deixa um número bem menor de pessoas frustradas. Enquanto os Barcelonistas têm a quase certeza que o time voltará a vencer nos próximos jogos; nós Corinthianos não podemos dizer o mesmo, diante daquilo que temos para colocar em campo.



Mas também podemos afirmar, que por maior que seja a dúvida, tão grande é a certeza de que no próximo jogo lá estaremos, com nossa presença, nossa torcida, nossa fé, nossa esperança, nosso canto, nosso grito, transformando quartzo em diamante e jogadores comuns em craques, reparando, ainda, a falta de profissionalismo dos nossos dirigentes que compram zagueiros como centroavantes!



Saudações Corinthianas!



Ernesto Teixeira – A voz da Fiel

Torcedor corinthiano; sócio, intérprete e compositor da Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216); idealizador do Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC); colaborador da Rádio Coringão.