sexta-feira, 29 de junho de 2012

Paixão se escreve com TH - Ao mestre com respeito!

Estou debilitado por uma intervenção cirurgica que me limita o movimento da mão direita. Nada grave, mas incomoda. É aquela história a gente tem que dá valor às pequenas coisas pois elas são tão importantes quanto as demais, as que pensamos serem mais importantes. Um dedo, uma unha, um dente... Só quem perde sabe a falta que fazem!!!

Muitas vezes acabo não escrevendo nada no meu espaço por ter visto tudo que queria dizer já escrito em outros lugares. Mas hoje resolvi prestar uma homenagem a um grande amigo que por anos convivi e que me deu um dos melhores presentes que ganhei na vida: uma coleção com suas crônicas. Estou falando do corinthiano, do jornalista, do pai, do esposo, o cronista da cidade de São Paulo Lourenço Diaféria.

Quando idealizamos o Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC) em 2001, entre tantas ações, uma era a campanha do Corinthiano com H. Não era inédita. A torcida em outros tempos já havia iniciado algo nesse sentido, mas os jornalistas insistem em seguir os tais manuais de redação ignorando o verdadeiro principío da língua ou daquilo que se convenciona a chamar de língua e que os próprios estudiosos os utilizam para explicá-la, ou seja: a pratica, a vontade popular!

Nesse aspecto eis aqui minha singela homanagem ao mestre Lourenço Diaféria que fico imaginando que texto não teria para nos brindar nesse momento ímpar em nossa história. Aliás até me arrisco a dizer que ele certamente concordaria comigo e diria que a Libertadores é uma grande conquista e como todas deve ser comemorada, mas a maior de todas, maior mesmo até a que a da casa própria (o Itaquerão) que também se aproxima, é a da homologação, da criação, da fundação, seja lá como queiram chamar os intelectus de plantão seria a implantação DA ESCOLA DE FORMAÇÃO DE CIDADÃOS CORINTHIANOS! (do pré ao doutorado)

Digo isso pois ele mesmo certa vez chamou minha atenção para uma questão relacionada à educação (biblioteca) contida no próprio estatuto do clube.


Paixão se escreve com TH

Corinthiano é uma coisa, corintiano é outra.

Corinthiano é o torcedor fiel, o que enfrenta lua, sol, chuva, granizo, raios e terremotos para ver drapejar a bandeira alvinegra nos estádios e sentir pulsar no peito a cartilagem da alma nas vitórias, nos empates e nas derrotas. Corinthiano somos nós, os devotos de um sonho que se fez um pedaço de nós mesmos.

Já corintiano, assim, mais simplezinho, é quem nasce na cidade do Corinto, no coração de Minas Gerais. Se não acreditarem, procurem no mapa. Corinto fica ali, depois de Curvelo, depois de Morro da Graça, para os lados de Morro de Senhora da Glória. Corintiano é todo bom mineiro de bom gosto que nasce em Corintio. E há também os coríntios, aos quais se dirige o apóstolo Paulo em várias de suas cartas. Portanto, os coríntios estão no Novo Testamento; os corintianos estão em Minas Gerais. E os corinthianos, em toda parte.

Lourenço Diaféria.

"Paixão se escreve com TH" - Jornal Popular - 13.07.94.


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O site do CPMC para por reformulação, mas lá logo terá mais detalhes dessa campanha...

Em 1910 um grupo de apaixonados por futebol deu origem ao Sport Club Corinthians Paulista, numa homenagem ao clube inglês homônimo. Nascia, sob as bênçãos de São Jorge, uma lenda. Os torcedores, logo apelidados de fiéis, tamanha devoção delegada à bandeira alvinegra, passaram a ser também chamados de corinthianos. Mas com o passar do tempo, a imprensa convencionou que o correto era suprimir o ‘h’ da palavra e, assim, nacionalizá-la. Porém, não se trata de uma palavra oriunda da língua portuguesa, o que justifica a obrigação de flexionar corinthiano usando o ‘th’. Segundo a doutora em lingüística da Universidade de São Paulo (USP), Ana Stela de Almeida, a explicação é muito simples: “a língua escrita é um conjunto de signos, os quais são arbitrários, ou seja, não existe uma razão icônica pra que se chame cadeira de cadeira. É pura convenção. Tanto é que em inglês é “chair”, em espanhol “silla”, e assim por diante... Com o tal do TH aconteceu o mesmo. A letra ‘H’ - no português do Brasil não tem som, ou servia para, junto com outro fonema, formar sons distintos, como pharmacia (PH = F). De forma que a língua mudou depois da reforma ortográfica nos anos 70, mas nomes próprios acabaram intocados, no caso de Corinthians e suas possíveis flexões. É isso, trata-se de uma arbitrariedade do signo” diz. Diante disto, o Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC) lança a campanha “CORINTHIANO É COM H”. (2006)
 
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Postado por Ernesto Teixeira – A voz da Fiel


Torcedor corinthiano; sócio, intérprete e compositor da Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216); idealizador do Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC); colaborador da Rádio Coringão.